quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Desenvolvimento Sustentável - Vídeo Educacional

Sustentabilidade Ambiental

PRODUÇÃO MAIS LIMPA


A "Produção Mais Limpa" é uma metodologia criada para aumentar a sustentabilidade ambiental das manufaturas. Devido a sua importância para o desenvolvimento sustentável, a Produção Mais Limpa foi amplamente promovida pela Organização das Nações Unidas e por diversas redes de organizações visando à difusão desta metodologia. No entanto, após mais de dez anos de atuação, estas redes para a difusão da Produção Mais Limpa têm se confrontado com significativas e recorrentes barreiras organizacionais que limitam seu desempenho. Utilizando-se do referencial teórico de "organizações em rede" no contexto da inovação, este artigo se baseia num aprofundado estudo de caso sobre uma estrutura organizacional em rede dentro de uma empresa multinacional que opera dezenas de manufaturas em diversos países. Esta empresa triplicou o desempenho ambiental em toneladas de poluição prevenidas e multiplicou em oito vezes o número de projetos de Produção Mais Limpa bem sucedidos, após ter implementado uma estrutura organizacional em rede para aumentar sua capacidade de gerenciar projetos para a melhoria de processos. Para explicar os motivos de tal aumento de desempenho ambiental, o artigo utiliza a metodologia de modelagem organizacional Enterprise Knowledge Development (EKD) para descrever as interações entre os objetivos, regras e processos do Programa de Produção Mais Limpa desta corporação, assim como as suas estruturas de relacionamento entre os atores que viabilizaram a integração das competências necessárias para a geração de uma maior capacidade de inovação ambientalmente sustentável nas manufaturas

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A sustentabilidade da população mundial

É muito comum ouvir as pessoas perguntarem: 1) O mundo tem gente demais ou gente de menos? 2) Qual é o nível de sustentabilidade ambiental da população?
Segundo o Relatório Brundtland, também chamado “Nosso Futuro Comum” (de 1987), o Desenvolvimento Sustentável é aquele “que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”. Na definicão do EcoDebate: “Compreendemos desenvolvimento sustentável como sendo socialmente justo, economicamente inclusivo e ambientalmente responsável”. Portanto, para se atingir o desenvolvimento sustentável é preciso garantir os direitos humanos e a qualidade de vida da população presente e futura, adotando um padrão de consumo que seja ecologicamente viável.
Assim, várias respostas são possíveis para as perguntas acima, pois o planeta Terra tem capacidade de suporte de uma quantidade variável de habitantes, dependendo do grau de direitos humanos atingido e do padrão de consumo adotado. A Pegada Ecológica é uma metodologia útil para medir a quantidade de terra e água (em termos de hectares globais) que seria necessária para sustentar o consumo atual da população. A tabela 1 mostra os números da Pegada Ecológica para diferentes níveis de renda per capita da população mundial e qual seria a população que a Terra seria capaz de manter de maneira sustentável.
Os países de renda baixa (e geralmente com baixo grau de atendimento aos direitos humanos de sua população), possuiam em 2005 uma renda per capita (medida em poder de paridade de compra – ppp – de 2008) de $ 1.230 dólares internacionais e uma pegada ecológica de 1,0 hectare global (gha). Com este padrão de consumo o Planeta teria a capacidade de sustentar 13,6 bilhões de pessoas, quase o dobro da população mundial atual. Isto quer dizer que a população da Terra poderia ser muito maior do que a atual se houver generalização do baixo consumo médio adotado nos países pobres do mundo. Ou seja, se toda a população mundial adotar o padrão de consumo médio de Angola (0,9 gha) ou Butão (1,0 gha) o Planeta poderia sustentar até 13,6 bilhões de habitantes. Neste caso, o mundo seria sustentável em termos geracionais, mas não seria necessariamente “socialmente justo e economicamente inclusivo”.
Os países de renda média, possuiam em 2005 uma renda per capita de $ 5.100 dólares internacionais e uma pegada ecológica de 2,2 hectares globais (gha). Com este padrão de consumo médio o Planeta teria a capacidade de sustentar 6,2 bilhões de habitantes, um pouco menos dos 6,8 bilhões atuais. Isto quer dizer que com o nível de consumo médio do mundo atual a população da Terra já é maior do que aquela que o Planeta tem condições de manter de maneira sustentável. Ou seja, se toda a população mundial adotar o padrão de consumo médio da África do Sul (2,1 gha) ou do Equador (2,2 gha) o Planeta já estaria em uma situação de insustentabilidade.
Os países de renda alta, possuiam em 2005 uma renda per capita de $ 35.690 dólares internacionais e uma pegada ecológica de 6,4 hectares globais (gha). Com este padrão de consumo médio o Planeta teria a capacidade de sustentar apenas 2,1 bilhões de habitantes. Isto quer dizer que se o padrão de consumo de países como Irlanda (6,3 gha) ou Canadá (7,1 gha) fossem generalizados a Terra teria de reduzir a população em mais de 4 bilhões de pessoas. Já no caso dos Estados Unidos (EUA) a pegada ecológica era de 9,4 gha e se o “American way of life” fosse adotado pelo resto do mundo a população teria mundial teria de ser no máximo 1,4 bilhão de habitantes, correspondente apenas à população da China atual.
A tabela 1 também mostra que a renda média da população mundial é de $ 9.460 dólares internacionais e possui uma pegada ecológica de 2,7 gha. Neste nível de renda e consumo a Terra só teria condições de sustentar 5,0 bilhões de habitantes. É claro que o consumo mais elevado encontra-se entre os países ricos e as parcelas ricas da população. Mas mesmo que, numa situação hipotética, haja uma distribuição igualitária da renda e uma maior inclusão social e econômica das parcelas pobres da população, com acesso aos bens e serviços médios atuais, a situação do nível de consumo mundial atual é insustentável.
Desta forma a humanidade está diante dos seguintes desafios: a) reduzir ou modificar o padrão de consumo atual; b) investir em mudanças tecnológicas que permitam utilizar fontes renováveis de energia, maior eficiência na produção, reciclagem, aproveitamento do lixo, redução do desperdício, etc. c) reduzir a população; d) todas as alternativas juntas.
No curto prazo, a única alternativa não viável é a redução da população, pois mesmo com o declínio das taxas de fecundidade o crescimento populacional vai continuar ocorrendo devido à inercia demográfica (crescimento devido a estrutura etária jovem) e deve atingir 9 bilhões no ano de 2050. Mesmo que as taxas de fecundidade caiam de maneira mais rápida, a população mundial deve chegar a no mínimo 8 bilhões na metade do atual século.
Então as alternativas imediatas para evitar o desastre ambiental são aquelas apresentadas nos dois primeiros pontos acima, isto é, a comunidade internacional precisa modificar substancialmente a sua forma e o seu padrão de produção e consumo, quer seja pela via do decrescimento da quantidade de bens e serviços produzidos ou pela via das mudanças tecnológicas que possibilite produzir a mesma quantidade com menos insumos materiais e com mais respeito ao ambiente.

Data 12/11/2010

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Sustentabilidade X Construções, Certificações e Futuro da Arquitetura

As palavras polêmicas são do arquiteto espanhol Luis de Garrido. Ele se juntou a outros profissionais renomados da área durante o Fórum Ecotech, realizado em Salvador, no dia 19 de agosto, e ajudou a promover debates questionadores e enriquecedores sobre o tema. Com a presença de outros nomes importantes do cenário nacional, como o arquiteto Siegbert Zanettini, o fórum examinou temas como certificações, o papel do arquiteto e o futuro da sustentabilidade na profissão.

“A sustentabilidade deve resgatar o homem à sua condição de cidadão e não de um mero consumidor.” Foi com essas palavras que Zanettini iniciou às discussões e deu o tom do que seria debatido durante o fórum. “Esse será o século do intelecto e da criação”, profetizou o arquiteto que projetou o Centro de Pesquisas da Petrobras - maior construção sustentável do Brasil.

Para ele, a arquitetura do século 21 deverá ser feita de forma sistêmica e com uma visão holística de conhecimento. “A sustentabilidade deve estar na estrutura da construção. Ser integrada ao ambiente externo, às tecnologias limpas e à racionalidade de todas as formas de ciências.” Para Zanettini, soluções sustentáveis precisam ser bem planejadas e passar por quesitos como intervenção mínima no ambiente, uso de ventilação natural e de um sistema construtivo adequado, mínimo desperdício de materiais e energia, custo competitivo, etc.

A sua palestra, que fez parte de um dia inteiro de discussões sobre o tema, foi seguida pela do arquiteto espanhol Luis de Garrido. Polêmico, Garrido afirmou, logo no inicio da exposição, que o que seria visto ali era o oposto de tudo que os ouvintes já haviam escutado sobre arquitetura sustentável.

Professor, mestre em Arquitetura Sustentável e vencedor do prêmio “Arquiteto do ano 2008”, cedido pela International Steel Building Association (ISBA) e pelo Americam Institute of Architects (AIA), Garrido é visto como um dos profissionais mais visionários da atualidade e seus projetos se destacam pela inovação e interação com a natureza.
“Estamos prestes a ver a maior revolução da humanidade”, afirmou. Para Garrido, princípios como uma nova ordem social, uma integração tecnológica, sustentabilidade e evolução do design poderão modificar, nos próximos anos, a forma como as pessoas vivem. A mudança deverá ser muito maior do que ela aparenta, acredita o espanhol. “A verdadeira sustentabilidade não é fazer placas fotovoltaicas, é fazer edifícios mais eficientes que não precisem de tantas placas fotovoltaicas.”

Mudanças de paradigmas

“Se isso é arquitetura sustentável, eu não quero ser arquiteto. Esses profissionais ficam tentando tirar a culpa para continuar ferrando tudo,” afirmou Garrido. Para ele, os profissionais de hoje “fazem o que querem e depois justificam”. Por isso, seus projetos têm metas maiores, como casas e prédios que não consomem energia, habitações móveis, que possam ser relocadas sem gerar resíduos e de forma rápida, que utilizem tecnologias inteligentes e sejam inspiradas na natureza e que faça tudo isso mantendo os custos baixos.

“Os arquitetos estão dizendo que estão fazendo arquitetura do futuro, mas estão é fazendo a mesma coisa de 30 anos atrás. Não. Tem que ter gente nova, sangue novo!” Para Garrido, existe hoje um comodismo muito forte entre os profissionais de arquitetura que continuam seguindo padrões e hábitos sem se questionarem se é possível fazer melhor. “Mas para quê fazer a mais se já compram assim?”, provoca. “Não nos questionamos. ‘Porque fazer assim? Porque sim. ’ Essa inércia é perigosíssima, ainda mais na arquitetura. Essa mentalidade não vai nos deixar evoluir. Antes eu me conformava com menos, por isso, hoje sou radical.”

Segundo Garrido, 60% de todos os resíduos e 50% do consumo energético do planeta vêm das construções, por isso a importância do arquiteto. Para ele, uma casa bem desenhada pode economizar até 60% de energia, e sem gastar um centavo a mais. “Todo mundo fala em fazer novos edifícios, o que tem que fazer é melhorar o que temos e dar uma boa educação para os futuros arquitetos.”

Em seu discurso, Garrido afirmou que essa mudança depende dos arquitetos e de sua capacidade de pensar além do óbvio. “A arquitetura tem que tentar resolver os problemas apenas no desenho”, defende. “Esses certificados Golden Plus Plus não servem para nada. Precisamos saber para onde vai a sociedade. Temos que fazer um esforço para saber aonde queremos chegar e qual desenho deveremos fazer para isso.”

Certificações

Polêmico em suas afirmações, o arquiteto defendeu as construções sustentáveis sem a necessidade de selos e certificações como parâmetros para confirmar a sua eficiência. “Certificações servem apenas para vender edifícios. Ninguém certifica se funciona, o importante é seguir o marketing. Elas focam no lugar errado, custam muito e estão levando o problema para onde não está a solução”, alfineta.

Para comprovar a eficiência dos seus projetos, ele utiliza 38 fatores de qualidade que verificam se a construção é capaz de “fazer as pessoas felizes possuindo o maior nível ecológico possível, com um desenho original, preço baixo e máximo de industrialização e pré-fabricação”. A matéria-prima e os materiais utilizados na construção, a redução máxima do consumo de energia, de geração de lixo e de emissões, a saúde do ambiente e dos habitantes e o uso do que foi construído são alguns deles.

Preço x eficiência

“Quanto custam as ações que nós podemos fazer? Agora contraste isso com a eficiência dos resultados.” Com base nos 38 indicadores, Garrido percebeu que as medidas mais eficientes são também as mais baratas e as menos adotadas.

Por essas conclusões, o arquiteto espanhol defende as soluções mais simples como as mais eficientes e acredita que essa lógica não é seguida graças aos interesses mercadológicos aliado à pouca cobrança dos consumidores. “Somos tão burros que fazemos os mais caros e mais inúteis?”, questionou.

Natureza artificial

Segundo Garrido, para construir algo sustentável é preciso começar do zero, já que cada projeto depende de fatores como o lugar, a cultura, o clima e as condições econômicas do lugar. “O homem tem que aprender com a natureza, esse é o ponto de partida. A partir daí, passaremos do nosso processo finito e linear, para o infinito e cíclico da natureza”.

Criador do conceito de “natureza artificial”, que busca identificar as leis da natureza e integrá-las nos artefatos produzidos pelo homem, Garrido defende que “devemos melhorar a natureza, e não imitá-la”. Como exemplo, ele citou a figura de Da Vinci, que observou o movimento dos pássaros, mesmo sabendo que nunca poderia voar. “Em vez de tentar fazer igual, ele observou a natureza e criou algo mais funcional – a hélice.”

Arquitetura do futuro

Quando perguntamos se ele acreditava no futuro da arquitetura sustentável como sendo apenas “arquitetura”, com todos os conceitos da sustentabilidade já inseridos naturalmente nos seus princípios, ele foi enfático: "Inshala. Tomara que sim, mas não acredito muito porque a mentalidade dos profissionais ainda é muito acomodada. Ninguém quer sair de sua zona de conforto por que desta forma já está dando certo. Mas acredito que é possível sim. Está em nossas mãos”.

Projetos

Os palestrantes apresentaram alguns projetos baseados nos conceitos de arquitetura sustentável. Zanettini exibiu o projeto de ampliação do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), que incorporou questões sobre eco-eficiência, sustentabilidade, utilização de condições ambientais naturais, incorporação de novas formas de energia e interação com os ecossistemas natural e construído.


quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Natura Ekos inaugura seu maior projeto de sustentabilidade


Há 10 anos, a Natura lançava Ekos, uma marca com um modelo pioneiro de fazer negócios de forma sustentável. Ao longo desses anos, somente com Natura Ekos, foram feitas parcerias com 19 comunidades, abrangendo 1.714 famílias. A linha utiliza 14 ativos da biodiversidade brasileira, cujo fornecimento e repartição de benefícios geraram, ao longo desses anos, mais de R$ 8,5 milhões em recursos.
Em 2010, a marca inaugura o seu maior projeto de sustentabilidade: são novos sabonetes de murumuru, cupuaçu, maracujá e cacau, com 20% a 50% de óleo da biodiversidade brasileira, extraídos de ativos comprados de oito novas comunidades, e fabricados em formatos inovadores. Com isso, a empresa passa a beneficiar mais 263 famílias e dobra os recursos financeiros revertidos por ano.
Sabedoria e tecnologia – Para esse lançamento, a Natura buscou na natureza ativos que refletissem as principais características buscadas pelos brasileiros em um sabonete: espumação, consistência, maciez e emoliência. Os ativos escolhidos – murumuru, cacau, cupuaçu e maracujá – trazem cada uma dessas experiências sensoriais. O respeito às características principais de cada ativo também está refletido no formato de cada sabonete.
Família de produtos. Foto: Divulgação
Família de produtos. Foto: Divulgação
O sabonete de murumuru contém 20% de manteiga de murumuru, que o torna mais espumante e com rendimento maior. Por isso, ele vem em lascas – com apenas uma lasca, é possível lavar as mãos. Já os 20% de manteiga de cacau deixam o sabonete de cacau muito mais consistente, e, por isso, ele vem em gomos, que podem ser destacados à medida desejada.
Com 20% de manteiga de cupuaçu,o sabonete de cupuaçu fica mais macio, permitindo que seja fatiado. Ele vem em uma prática barra, que permite usar o sabonete no tamanho desejado. A emoliência está presente no sabonete de maracujá. Inserindo-se 50% de puro óleo de maracujá, o sabonete transforma-se em uma pasta cremosa, consistência ideal para ser usado com esponja, para limpar e esfoliar a pele.
A inovação não chega apenas em formatos e qualidades sensoriais. Com altas concentrações de óleos da biodiversidade brasileira, os sabonetes Natura Ekos formam uma camada protetora na pele, não ressecando e deixando-a macia. O sabonete em pasta de maracujá, por exemplo, forma uma camada protetora seis vezes mais espessa que a dos sabonetes comuns.
Informações da assessoria.
Retirado dia 10/11/2010

domingo, 7 de novembro de 2010

Sustentabilidade Ambiental, Consumo e Cidadania.

O planeta está chegando num ponto cada vez mais crítico, observando-se que não pode ser mantida a lógica prevalecente de aumento constante do consumo. Já se verificam os seus impactos no plano ecológico global.
Sabemos que se trata de um tema muito complexo, pois as possibilidades de fixar limites são politicamente problemáticas, em qualquer parte do planeta.
Será que estamos numa encruzilhada? O caminho existente é mais do que problemático em termos ecológicos, quase sem saída pelos métodos convencionais. A exploração crescente dos recursos naturais dessa maneira coloca em risco as condições físicas de vida na Terra, na medida em que a economia capitalista exige um nível e tipo de produção e consumo que são ambientalmente insustentáveis.
O que significa, portanto, promover uma política de consumo sustentável que leve em conta três eixos – a realidade dos limites ecológicos da Terra, de um lado, e de outro, que promova justiça social e seja politicamente viável?
Nos últimos anos, houve alguns avanços na forma de pensar e agir. O grande desafio é de influenciar e modificar o pensamento das pessoas em relação ao consumo.
O livro de Fátima Portilho é uma excelente contribuição para o debate de um tema que assume crescente centralidade: os hábitos de consumo, o estilo de vida e os desafios de avançar rumo a uma sociedade sustentável. Ao abordar o tema do consumo e da sustentabilidade, como alternativa a uma lógica convencional, reconhece-se acima de tudo os limites do planeta Terra.
Apresenta de forma sistemática as diferentes reflexões sobre o tema, abordando tanto sob a perspectiva histórica quanto da teoria social, e como campo de luta política e simbólica.
Já no primeiro capítulo, a autora introduz o leitor no confronto entre as diferentes abordagens que permeiam a reflexão sobre o consumo sustentável e a centralidade que este tema adquire no debate ambiental internacional, exigindo uma revisão sobre premissas estabelecidas em torno do consumo e da sociedade de consumo.
No segundo capítulo, analisa o deslocamento dos processos discursivos dentro do ambientalismo internacional a partir de 1990 e o fortalecimento de um discurso que questiona explicitamente o estilo de vida e os padrões de consumo das sociedades desenvolvidas. A partir de uma sistematização das principais vertentes de pensamento, mostra como uma das grandes questões que se coloca atualmente é como colocar a questão do excesso de consumo nos países desenvolvidos como um motivo relevante no debate sobre a atual crise ambiental mundial. Os números não nos deixam mentir. Um quarto da população mundial que vive nos países desenvolvidos demanda nada menos do que três quartos dos recursos naturais do planeta, restringindo assim a capacidade dos países em desenvolvimento para aumentar de forma sustentável seus níveis de bem-estar. Este questionamento, sobre como combater o excesso de consumo nos países ricos, resulta num conjunto de novos conceitos, elaborados com o objetivo de buscar compreender melhor as causas do excesso de consumo e contribuir para desenvolver estratégias que levem a um debate sobre as mudanças possíveis e os processos que as acompanham.
No terceiro capítulo, desenvolve a revisão das principais perspectivas teóricas vinculadas com a "sociedade do consumo", destacando autores que apresentam uma visão crítica sob três diversas perspectivas comparativas, permitindo ao leitor um percurso muito estimulante pelas "complexidades , ambigüidades e contradições do tema".
No quarto capítulo, analisa-se as promessas e armadilhas da proposta de "consumo verde" e as possibilidades abertas para as estratégias políticas de consumo sustentável com seus dilemas conceituais e políticos.
A idéia de um consumo verde ocorre como resultado de uma conjunção de três fatores, que por se inter-relacionarem geram condições propícias para sua emergência. Portilho mostra que o advento, a partir da década de 70, do ambientalismo público; a ambientalização do setor empresarial, a partir da década de 80; e a emergência, a partir da década de 90, da preocupação com o impacto ambiental de estilos de vida e consumo das sociedades afluentes são fatores propulsores deste processo. A partir da combinação de fatores, um conjunto de atores relevantes se agregam ao processo de incluir cada vez mais atores e de estimular a co-responsabilidade dos indivíduos comuns, dadas as características das suas práticas cotidianas para atenuar ou agravar a crise ambiental. Assim, começam a se multiplicar e disseminar práticas individuais conscientes, bem informadas e preocupadas com a problemática ambiental. O termo sociedade sustentável começa a assumir uma visibilidade, e amplia o espectro de atores que consideram que suas ações passam a fazer parte de um repertório compartilhado por aqueles que vêem na mudança de comportamentos e escolhas a possibilidade de interferir na qualidade do meio ambiente.
O consumidor verde se multiplica, um indivíduo que prioriza produtos que levam em conta a dimensão ambiental. Mas como bem adverte a autora, o consumo verde não ataca toda a equação, enfatizando a tecnologia, mas deixa de lado os processos de produção e distribuição, além da cultura do consumo propriamente dita. Assim, uma leitura das análises realizadas por diversos autores mostra que as propostas de consumo verde são pautadas por uma visão bastante voluntarista sobre seus limites, colocando nas mãos dos cidadãos a responsabilidade pelas mudanças, através do que Portilho define como "transferências da atividade regulatória em dois aspectos: do Estado para o mercado, através de mecanismos de auto-regulação, e do Estado e do mercado para o cidadão, através de suas escolhas de consumo". Isto implica, portanto, que governos e empresas transferem a responsabilidade para os indivíduos, sendo que o que as pesquisas mostram é uma ainda limitada incorporação pelos indivíduos, inclusive nos países europeus, considerados como fortes impulsionadores destas transformações nas dinâmicas de consumo, e que o simples acesso a conhecimentos relacionados à questão ambiental não leva a estilos de vida e práticas ambientalmente corretas.
Inserindo esta reflexão dentro do referencial teórico da Sociedade de Risco, desenvolvido por Beck (1992), o tema do consumo sustentável introduz principalmente a politização dos problemas e a compreensão das interdependências entre as escalas micro de inserção dos indivíduos e a escala de problemas gerados no contexto global. Ao se enfatizar o conceito de consumo sustentável, segmentos mais conscientes dos desequilíbrios em curso destacam a insustentabilidade crescente dos padrões de produção e consumo da economia mundial, destacando as diferenças entre países ricos e pobres, com suas relações interdependentes de comércio global. Deve-se ainda enfatizar o que diversos estudos de organizações ambientalistas recorrentemente apresentam como sendo padrões de consumo insustentáveis por excelência, injustos socialmente e predatórios ao meio ambiente. A pegada ecológica – pressão exercida pelos consumidores médios nos ecossistemas naturais dos países mais industrializados – é quatro vezes maior que o dos países de menor renda. A insustentabilidade dos diversos processos produtivos tem gerado um conjunto de ações que seguem, basicamente, as diretrizes da Agenda 21, reforçando diretrizes que buscam reduzir os impactos de processos que têm contribuído para o processo de depleção e perda dos recursos naturais não renováveis do planeta.
O consumo sustentável implica necessariamente numa politização do consumo, ou o que, segundo alguns autores, são denominados de "ambientalização do consumo", no sentido de caracterizar as práticas de consumo que transcendem as ações individuais, na medida em que articulem preocupações privadas e questões públicas.
O consumo sustentável representa um salto qualitativo de complexa realização, na medida em que agrega um conjunto de características que articulam temas como equidade, ética, defesa do meio ambiente e cidadania, enfatizando a importância de práticas coletivas como norteadoras de um processo que, embora englobe os consumidores individuais, prioriza as ações na sua dimensão política. O grande desafio que se coloca é o da mudança na visão das políticas públicas, o que possibilitará desenvolver conceitos e estratégias de desenvolvimento que promovam efetiva redução de práticas pautadas pelo desperdício, pela superação de um paradigma que nos coloca cada vez mais numa encruzilhada quanto à capacidade de suporte do planeta, e da habilidade que a sociedade tem de buscar um equilíbrio entre o que se considera ecologicamente necessário, socialmente desejável e politicamente atingível ou possível.
O fortalecimento de estratégias de consumo sustentável terá mais sucesso na medida em que a implementação de políticas públicas integradas, que promovam a mudança para padrões mais sustentáveis, promova tanto a redução das enormes desigualdades como contemplem aspectos legais, econômicos, sociais e ambientais para influenciar de forma transversal nas políticas públicas. Os governos, tanto no nível nacional quanto sub-nacional, devem priorizar um conjunto de ações que na sua complexidade e interdependência avancem em direção à estruturação de um repertório de políticas públicas integradas que adotem tecnologias limpas, promovam campanhas de conscientização sobre os fatores que provocam a insustentabilidade ambiental, estimulem atividades não poluidoras e efetive a implementação de políticas sócio-ambientais urbanas, com ênfase na coleta seletiva, e estímulo à reciclagem e redução do desperdício nas atividades públicas e privadas.
Cabe ressaltar o importante papel que devem realizar as instituições da sociedade civil nesta direção de conscientizar sobre a importância do consumo ser cada vez mais sustentável, baseado numa lógica de co-responsabilização e adoção de práticas que orientem para um aumento permanente da informação aos cidadãos consumidores e o fortalecimento de sistemas de certificação.
Entende-se que falar de consumo sustentável ainda se situa num patamar da utopia. O objetivo mais desafiador é que uma opção pelo consumo sustentável, tanto nos países ricos como nos pobres, é de fortalecer as lutas para atender às necessidades do ser humano da melhor maneira possível, com um uso mínimo de recursos naturais, dentro dos limites ecológicos do planeta.
A questão que continua em aberto é associada aos compromissos possíveis, às concessões dos mais predatórios e ao desafio dos países pobres de implementar políticas sócio-ambientais que superem o círculo vicioso das polaridades tradicionais entre meio ambiente e desenvolvimento, nos países ricos e pobres.
No quinto capítulo, aborda as conseqüências políticas do deslocamento da definição da crise ambiental para o campo do consumo, destacando as possibilidades do consumidor como novo ator social e a relação entre a esfera privada do consumidor e a esfera pública do cidadão. A ênfase é nas alternativas de ambientalização e politização do consumo como estratégia de enfrentamento dos problemas ambientais.
O livro contribui certamente para aprofundar o conhecimento sobre um processo que opera na intersecção entre a vida pública e privada, e assim a questão ambiental pode ser colocada num lugar onde as preocupações privadas e as questões públicas se encontram. Apesar dos estimulantes e importantes avanços de grupos sociais, e governos, em escala local e em alguns casos de países, o Consumo Sustentável continua fora das discussões mundiais e ainda não foi tratado na sua complexidade pela sociedade planetária. O que se argumenta é que este tema deve estar cada vez mais presente nos debates sobre Governança Global, e que o papel das sociedades é de consolidar instituições que formulem, promovam e disseminem práticas que transcendam a eco-eficiência e ampliem a compreensão dos cidadãos sobre os limites do planeta e suas responsabilidades para com os habitantes do futuro. Este é o principal convite que o livro nos oferece como reflexão para a construção de novos espaços que coloquem o consumo sustentável na agenda global.
 Fátima Portilho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
BECK, U. 1992. Risk Society. Sage, London, 1992.

Como garantir a Sustentabilidade Ambiental?

Uma pergunta assalta e perturba muitos cidadãos conscientes, autoridades preocupadas com a situação do meio ambiente e as organizações que militam na área: Como garantir a sustentabilidade ambiental nas grandes cidades?
A resposta a essa pergunta atinge um caráter de urgência quando percebemos claramente os sinais de degradação e constatamos que o planeta sente, como nunca, o impacto do peso da vida humana e das ações predatórias longamente praticadas por nós. Manter as bases da economia e o estilo de vida das populações urbanas nos níveis atuais; onde o consumismo desenfreado e o descarte de grandes quantidades de materiais tóxicos e lixo é praticamente a ordem reinante e a lógica por trás de quaisquer ações humanas. Cedo ou tarde, os impactos desse modo de vida se tornarão irreversíveis e populações inteiras sentirão a mão pesada da natureza sobre suas vidas. Vencer as resistências locais e as políticas tradicionalmente aceitas como verdades absolutas; é a missão do novo pensamento que deve se espalhar e dominar as mentes e os corações dos “novos políticos” e do “novo cidadão”.
A grande realidade; é que para garantir a sustentabilidade ambiental nas grandes cidades, devemos praticamente abandonar o modo de vida que experimentamos até hoje e criar devida consciência nas massas e na classe dirigente de que a exploração desenfreada do meio ambiente só levará a destruição do planeta. Num sistema insustentável de produção, os recursos naturais planetários seriam exauridos muito rapidamente e proporcionariam problemas gravíssimos que seriam sentidos com um impacto devastados nos grandes aglomerados urbanos.
Fazer com que a aplicação de políticas garantidoras da sustentabilidade ambiental nas grandes cidades, representa uma realidade em que se leva em consideração à capacidade de reposição que o planeta tem de seus recursos e, ao mesmo tempo, manter medidas que permitam uma maior justiça social. As mudanças que já foram sentidas devem ser estimuladas e seus reflexos plenamente positivos em uma escala pequena; devem servir de exemplo para que nações e governos menores comecem a implementá-las e a sentir seus reflexos cada vez mais intensamente. Conseguir alterar as relações de consumo e educar a população para o real significado das políticas de conservação do meio ambiente pode ser a única forma de garantir a sustentabilidade ambiental de forma efetiva e com resultados em médio e longo prazo.
Fazer com que nossas populações questionem o seu modo de vida e fazê-las entender que se os recursos do planeta não tiverem “a oportunidade” de renovarem-se e de sustentarem-se sob a pressão de uma demanda constante de consumo exacerbado, a vida no planeta como a conhecemos acabará de forma dramática e somente através desse processo de conscientização poderemos garantir a sustentabilidade ambiental. O colapso das grandes cidades e os conflitos sociais e entre países serão inevitáveis e de proporções apocalípticas. Sendo os “vitoriosos” sobreviventes herdeiros de uma terra exaurida e devastada; incapaz de sustentar a vida e inútil para qualquer um de nós; ricos ou pobres.
Um dado estatístico pode corroborar muito bem essas relações problemáticas e perigosas entre populações urbanas e recursos naturais. Basta saber que para sustentar apenas um quarto da população mundial que habita nos países ricos, são necessários três quartos de todos os recursos naturais do planeta. Por essa simples constatação; pode-se perceber claramente que será impossível fornecer os recursos necessários para que todos os seres humanos possam atingir um padrão de vida razoável no ritmo de consumo atual. Somente com o desenvolvimento sustentável será possível garantir a sustentabilidade ambiental e com isso podermos reverter nossa atual situação.
Pense nisso.
http://www.ecologiaurbana.com.br/sustentabilidade/como-garantir-sustentabilidade-ambiental/

O que é sustentabilidade?

Experimente pesquisar o conceito de sustentabilidade em qualquer lugar e encontrará definições que falarão sobre: “pensamento sistêmico”, “equilíbrio dos ecossistemas”, “Relatório Brundtland”, hã? Calma. Vamos entender isso de maneira mais prática?


A ideia central da sustentabilidade é que é possível continuarmos vivendo e nos desenvolvendo de forma com que haja continuidade e equilíbrio em relação aos recursos disponíveis. Tudo o que se retira – se apenas retiramos – uma hora vai acabar. Assim, devemos oferecer ao planeta tanto quanto retiramos dele.


O mencionado “Relatório Brundtland”, publicado em 1987, diz que sustentabilidade é “suprir as necessidades da geração presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprir as suas”. Esta é a ideia!


Trazendo a discussão para o nosso quintal, se eu posso derrubar uma árvore porque quero construir minha casinha ali, posso também plantar outras duas para que meus netos tenham, anos depois, fruta e sombra num dia de sol.


Outra ideia de uma vida sustentável é estabelecer uma relação economicamente viável com o mundo. Trabalhar e buscar parcerias com quem está perto da gente é melhor, pois, além de fomentar o desenvolvimento daquela região, favorece o equilíbrio de todo o meio ambiente à sua volta.


Entenda que é possível cada um de nós trazer para dentro de sua vida, de sua rotina, de sua casa, as suas próprias ações sustentáveis, que podem ter uma importância muito maior do que a se imagina!

Limpar o oceano das manchas de óleo que os navios cargueiros despejam parece uma tarefa impossível, não é mesmo? Mas, separar o lixo, apagar as luzes na hora de dormir e não desperdiçar a água que utilizamos está, sim, ao seu alcance. E, acredite: é exatamente a força dessa conscientização e dessa união que poderá, um dia, deixar limpos e cristalinos todos os oceanos do planeta.

 http://www.swu.com.br/pt/movimento-swu/o-que-e-sustentabilidade/